Foi quando passei num concurso público e decidi assumir, então tive que mudar de cidade. Estava acontecendo tantas coisas: boas e ruins ao mesmo tempo. Minha cabeça estava fervilhando e por muitos momentos pensei se seria a decisão mais acertada, mas era um concurso, né? Eu sonhei tanto com isso, eu estudei tanto para realizar esse momento...
Então vamos lá, vida nova!
O processo de arrumar as malas que antecede o ato de mudar...
Olhar minhas coisas no guarda roupa que não vão caber tudo na minha mala,
Olhar meus livros na biblioteca que passei anos montando para ficar do meu jeitinho,
Olhar meu quarto, minha biblioteca e meus cantinhos favoritos na minha casa...
Olhar a mobília a "minha cara" e ver tudo do jeitinho que eu sempre sonhei e, de repente, agora ia ter que deixar tudo isso para trás para começar algo novo.
O medo, o anseio e a vontade de ter sucesso jamais caberiam na mala...
A coragem e o tanto que eu estava sendo forte são indescritíveis e eu nunca posso esquecer que eu tenho uma força tão grande, mas que sou igualmente frágil.
2ª Perspectiva
Já faz 1 ano, seis meses e alguns dias que mudei de cidade porque passei num concurso público, era dia 29 de fevereiro de 2024, estavam acontecendo tantas e tantas coisas, estava com tanto, tanto medo e estava tão, mais tão ansiosa. Entreguei tudo nas mãos de Deus, agradeci pela oportunidade e acreditei no propósito.
Na tarde daquele dia 29 dirigi vários quilômetros para parar diante daquela casinha azul meio decadente que dividiria com mais 3 pessoas na cidade em que eu iria trabalhar.
No dia seguinte seria a minha posse e eu estaria sozinha - pela primeira vez na minha vida eu não teria minha plateia cativa: minha mãe e naquela noite eu me senti tão sozinha e solitária, mas eu entendi que eu precisava ser forte, corajosa e que tudo daria certo.
Foi na noite desse mesmo dia, dia 29, o dia que sai de casa, que me mudei, foi o dia que o meu pai faleceu e eu não soube, eu já estava dormindo e eu só soube na hora que tomava posse do meu concurso... através de uma mensagem.
O chão desabou. Se o peso nos ombros estava pesado até aqui, porque eu estava fingindo ser forte para passar por esse momento sozinha e longe da minha família e amigos, não aguentei mais, meus joelhos cederam e eu desmoronei bem ali...
Meu pai estava doente, minha mãe estava com ele porque ele precisava mais dela do que eu, eu vim para uma cidade estranha, com zero pessoas conhecidas para assumir um sonho pelo qual eu tinha me esforçado tanto para conquistar. Antes de vir eu fui visitá-lo no hospital, falei sobre a mudança, a posse no concurso e que depois ele iria me visitar (agora sabemos que ele nunca virá), meu pai me abençoou e eu vim.... Ele tinha melhorado e a mãe estava se preparando para ir buscá-lo logo que tivesse alta, mas a notícia que chegou foi aquela que ninguém quer ouvir. Aquela que dilacera e estraçalha o coração.
Sou ingrata? Egoísta? Não creio, eu sou humana... Como você foi embora sabendo que seu pai estava doente? Como você abandonou sua mãe? Pois é, TUDO aconteceu ao mesmo tempo, dessas coisas inexplicáveis da vida que fogem do controle.
Eu Nunca pensei que fosse morar em outro lugar que não na minha cidade, mas Deus tinha outros planos e eu vim.... Todos os dias sinto saudade de casa, todos os dias eu queria jogar tudo pro alto e voltar...
Todos os dias eu queria que o meu pai ainda estivesse vivo, lá em casa com a minha mãe, mas no fundo eu sei que partir ou ficar não alteraria o resultado, hoje eu sei, ou tento me convencer disso, porque eu não mereço sentir culpa por algo que não tenho...
E foi assim que MUDEI... Quem seria a mesma depois de tantas mudanças, não é mesmo?
|Mila F.
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