Carrega vestígios de amores não correspondidos, de amizades corrompidas, de sentimentos que não foram verdadeiros. Ela era uma ferida aberta que não cicatrizava, porque não esquecia o passado e, apesar de saber que cada momento era uma nova oportunidade de começar, não começava.
Tinha medo. De alguma forma tinham-lhe amputado - castrado - seus sonhos. Tinham-lhe roubado a esperança. De tanto sofrer, de tanto chorar desaprendeu a acreditar nas coisas boas da vida. Era como se as coisas boas só pudessem bater à porta da casa do vizinho e nunca na sua.
Mas todos podiam recomeçar, no entanto ela nunca nem sequer começava nada. Pessimista, preferia carregar todas as dores e feridas que já viveu porque achava que não conseguiria fazê-las sarar ou que qualquer tentativa as faria sangrar novamente.
Aquela frase de José Mauro de Vasconcelos, escrita em O Meu Pé de Laranja Lima, era a frase da vida dela, adequava-se perfeitamente as suas desventuradas experiências: "Mas me faltava qualquer coisa. Qualquer coisa importante que me fizesse voltar a ser o mesmo, talvez a acreditar nas pessoas, na bondade delas".
Ela via a cada dia seus sonhos morrerem... Não era suicídio, mas assassinato. Sua vida foi feita de tantas perdas que ela ficou apenas à margem, observando lhe matarem o que ela tinha de mais bonito: os sonhos.
Ela via a cada dia seus sonhos morrerem... Não era suicídio, mas assassinato. Sua vida foi feita de tantas perdas que ela ficou apenas à margem, observando lhe matarem o que ela tinha de mais bonito: os sonhos.
|Camila Márcia