Estava ali parada na cobertura do prédio, uma taça de vinho na mão e os pensamentos viajando pela Europa, a certeza de que tinha que ir para lá, que era lá que estava a sua felicidade não a abandonava, mas essa ânsia e esse desejo não se realizavam, ela estava presa numa cidade pequena, com pessoas com a mente fechada, num trabalho que detestava e namorava um homem que não amava verdadeiramente... um dia ela jogaria a toalha, deixaria tudo para trás e iria para a Europa, mas ela estava esperando... a coragem, claro.
A coragem era uma espécie de amiga traquina, aparecia vez por outra, depois de algumas taças de vinho, doses de tequila, mas depois... bem, depois ela desaparecia e ela tinha que se conformar com sua covardia, seu medo de arriscar e de ter que desistir do sonho, seu medo de se arrepender...
Um dia, um dia ela criaria coragem e partiria para a Europa, onde seu ex-ex-ex-namorado estava... coisa de primeiro amor que persistia anos a fio... um dia, depois de alguns drinks, ela compraria uma passagem e iria para a Europa, chega de ficar só mandando sms ou postando coisas frustradas na sua linha do tempo no facebook...
Um dia, quem sabe, ela amarraria a coragem e lutaria sem medo pelo que deseja, por enquanto ela tinha que viver aquilo que estava vivendo e se consumindo de sonhos sem deixar transbordá-los.
|Camila Márcia
“Não é incrível pensar que lá fora existe alguém pra você, que por enquanto é um completo desconhecido?”
(Gabito Nunes)
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