domingo, 3 de julho de 2011

... a dor faz coisas estranhas com as pessoas... *

*A menina que não sabia ler


Lá está nossa desventurada Sofia carregando os restos mortais de seu coração. Um coração que não pensava nas consequências de amar uma pessoa comprometida, um coração burro que simplesmente amava.
O sol reverberava nos seus cabelos que eram vergastados pelo vento. A ansidade tomava-lhe o controle. Ela iria se encontrar com Renato, ele havia lhe ligado dizendo “Preciso de uma palavra amiga e só você pode me dar”. Não teve escapatória, quando os amigos chamam temos que respondê-los.
E Renato se aproximava com um sorriso quase iridescente nos lábios. Que lábios!
Aproximou-se, beijou-lhe as faces. O vento trouxe consigo o cheiro de chiclete de hortelã (o preferido de Renato). Ela recebeu o beijo e tentou guardar o cheiro em sua memória.
_ Oi _ ele disse_ desculpe o atraso Sofia...
_ Tudo bem_ apressou-se em responder.
Os dois se olharam um momento. Sofia pensou no que Igor e Anna tinham lhe dito, que ela evitava Renato, e agora decidiu não evita-lo mais. Amigos não se evitam.
A razão não ganhou a guerra mais saiu vitoriosa da batalha. O amor ficou escondido, a razão floresceu: se não pode haver um relacionamento amoroso que haja a amizade. Há coisas inevitáveis, há coisas que não controlamos: o amor é uma delas. Se você ama alguém não pode pensar que isso te dá propriedade de ser amado por essa pessoa. Amor não se obriga, se sente.
_ Sofia, estou preocupado com a nossa amizade. Não sei o que está havendo, eu te ligo você não atende. Vou a sua casa e sempre me dizem que você não está. Igor e Anna dizem que não sabem de nada, que você continua a mesma. Será que fui eu quem mudou?
Sofia olhou-o tensa:
_ Todos nós mudamos algum dia... Por mais que as pessoas digam para não mudarmos. As mudanças são inevitáveis e inerentes ao homem.
_ Não. Não estou falando disso.
_ Do que está falando?_ perguntou Sofia
_ Acho que você não gosta da minha namorada, só consigo imaginar isso.
_ O que isso tem haver Renato, se eu gostar ou não mudará o que você sente por ela?
_ Não, mas mudará o que sinto por você_ respondeu ele encarando-a sinistramente.
_ Como?_ perguntou surpresa.
_ Se você é minha amiga de verdade, deveria se alegrar com minha felicidade. Parece que isso é muito difícil para você né?
Como assim ele a estava acusando? Ãh?
Sofia olhou fixamente e disparou:
_ Você não sabe de nada Renato, não sabe porque não quer ver... Porque não quer saber.
Saiu.
É dificil entender o que os outros sentem, quando não sentimos o mesmo que eles. 

 [Camila Márcia]

Um comentário:

  1. "É dificil entender o que os outros sentem, quando não sentimos o mesmo que eles. "
    Pois é,é difícil entender e compreender.
    Muitos julgam o que sentimos ou deixamos de sentir,mas não sabem como é se estivessem sentindo o mesmo!
    Um beijo,Cá!
    Ótimo início de semana pra ti!

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