domingo, 26 de junho de 2011

Antes de chegar a hora e a gente viver uma coisa, nunca dá mesmo para saber como é que vai ser.*

*Ponte Para Terabítia
 

Não sei o que me levou a amá-lo, não sei quando comecei a sentir o sangue correr mais quente nas minhas veias, não sei quando percebi que o coração batia descompassado com a presença dele. Não sei de nada. 
No amor nunca sabemos nada, somos todos ignorantes. Entretanto, no sofrimento, sabemos exatamente os motivos, as causas e as terríveis consequências já podem ser vislumbradas.
Renato e eu sempre fomos amigos, sempre gostamos das mesmas coisas: os mesmos Cd’s, os mesmos livros, os mesmo jogos... Mas, de repente, nossa amizade me sufocou, eu não queria mais tê-lo como amigo, e ficava delirando toda vez que ele se aproximava, querendo que me abraçasse e me beijasse. Isso nunca aconteceu. Talvez nem aconteça! Porque sou expert em imaginar coisas que não podem acontecer. Nasci para criar ilusões e quase nunca para vivê-las. Falta-me coragem. Certa vez eu li em um livro que o nosso pior inimigo é o medo.  É mesmo!
Igor e Anna estão juntos, eles eram os melhores amigos. Invejo-os porque Renato e eu não estamos juntos e, no entanto, também erámos os melhores amigos.
Igor e Anna me pedem para conversar com o Renato e contar-lhe minhas aflições, pois, talvez, ele sinta o mesmo por mim, não sei... Se ele sentisse viria falar comigo.
“Mas você o tem evitado”, é o que diz Igor.
Eu o tenho evitado. Tenho medo. 
Tenho medo de perder o controle do meu corpo, pois já perdi o controle do meu coração. Ele bate tão alto quando o vejo que parece tambores em quermesses. Se meu coração não me obedece, falta pouco para meu corpo se rebelar. Meu corpo deseja Renato, meu coração o ama... E eu sou escrava desses sentimentos, paulatinamente vou me deixando levar por meus instintos. Aonde isso vai me levar?! Não sei. Não quero saber!
Sinto-me uma tola em amar alguém platonicamente. Porque é como se eu estivesse assinando o meu nome numa lista de sofrimento: como se eu não pudesse ser feliz com as coisas que tenho, como se eu só pudesse ser feliz com aquilo que não posso ter... Como se cada dia que passa uma angústia fosse me consumindo e me definhando... Como se o que está perto ficasse cada vez mais longe, tudo por culpa de uma linha invisível e tênue chamada falta de expectativa...
Não tenho esperanças de vê-lo ao meu lado, nem de senti-lo tocar meu rosto, nem de senti-lo beijar-me os lábios ou ouvi-lo sussurrar coisas lindas ao meu ouvido como: "Sofia eu te amo, sempre te amei".
Não tenho esperança, mas tenho muita imaginação: sou Sofia e gosto de imaginar coisas impossíveis para esquecer minhas desventuras.


[Camila Márcia] 


Jamais escrevi, acreditando escrever, jamais amei, acreditando amar, jamais fiz coisa alguma que não fosse esperar diante da porta fechada.  
(M. Duras in O Amante)

7 comentários:

  1. "No amor nunca sabemos nada, somos todos ignorantes." - o pior é não ser apenas ignorantes, pior ainda é gostar de sentir isso mesmo que tudo conspire contra nós.

    Já disse que o que mais gosto é 'As desventuras de sofia'? hm pois então :D

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  2. oiii

    adorei o blog

    tô seguindo
    segue???

    Bjim

    http://meuryss.blogspot.com/

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  3. Me deixo envolver com as aflições de Sofia.
    Angustias de quem ama e tem medo desse sentimento.

    'como se eu não pudesse ser feliz com as coisas que tenho, como se eu só pudesse ser feliz com aquilo que não posso ter...'

    Me encontro aqui.

    beeijo, flor*

    Bom domingo e ótima semana!

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  4. De fato um dia mais cedo ou mais tarde, é preciso perder o medo de amar'
    perder o controle do coração'
    lindo post'
    *-*
    Bom domingo querida'
    Bjiim! ;*

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  5. Adorei postagemmm...muito sentimento que vão de encontro ao meu íntimo.Bom domingo querida!

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  6. Eu não conseguiria amar alguém e não falar a ele dos meus sentimentos, porque a pessoa pode vir a corresponder, ou simplesmente já fala não, e fica até mais fácil nos abrirmos para um novo amor...

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Obrigada por seu comentário!

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