As dores que Amélia sentia...

     Ela chorava sem parar, não sabia onde estava com a cabeça quando decidiu largar tudo por Alex, quando ele, na verdade, já estava vivendo com outra mulher. Amélia tinha sido ingênua por pensar que alguém que ela tanto desprezou ia amá-la a vida inteira.

     Já fazia semanas que estava trancada no quarto da casa de seus pais. Sim, Ela voltou para a casa dos pais! Quando as pessoas quebram a cara, geralmente, voltam para o lugar de origem, o colo da mãe, o aconchego do lar. Um lugar onde sempre se pode voltar.

     Ela já não tinha mais Marcos e o Alex, bem, esse ela nunca teve. Só que ela não entendia porque doía tanto.

     Amélia sentia uma dor tão profunda e tão grande que analgésico algum ou até mesmo uma anestesia não a fariam parar. A dor da perda, da solidão e do fracasso eram imensas e ela sabia que não tinha remédio, porque não era uma dor curável, mas era uma dor que se amenizava com o tempo, muito embora, nunca se apagaria da memória. Talvez Amélia acabasse se afogando em suas próprias lágrimas, Ah! Mas ela não se importava, talvez quisesse mesmo morrer! As pessoas apaixonadas são muito, muito dramáticas.

     Por um lado esse não era o fim, mas por outro ela se sentia estúpida por ter se deixado levar pelos sentimentos "Coisa mais estúpida de se fazer!", repetia ela como para se convencer ou mudar o curso que sua vida tinha tomado "Quantas vezes a gente escuta falar e vê que o coração é péssimo em fazer escolhas? É tão burro!", consolava-se a si mesma.

     De fato, não é de hoje que o coração carrega a fama de fazer sempre a escolha mais difícil, entretanto, por mais difícil que seja são necessárias, são as escolhas que o coração faz que proporcionam emoções e permitem a vivência de uma grande paixão. A razão é metódica e pragmática, ela nunca deixa se envolver sem antes fazer cálculos e mais cálculos e tirar todas as porcentagem  para saber se algo pode ser conveniente ou não.

     Na vida é assim: se você segue o coração pode sofrer ou não, mas se segue a razão você definitivamente vai se surpreender com a carência de emoção e, caso decida escutar e seguir só o que os outros dizem, é evidente que jamais será feliz, porque para quem não tentou outros caminhos e opções sempre vai achar que a felicidade se encontra do lado contrário ao qual seguiu.
     E Amélia sofria, condoia-se, entristecia-se, mas sabia que agora teria paz porque foi em busca de uma resposta, não se contentou com a dúvida, e por mais que essa dor aguda a perseguisse ela teria que se conformar com a resposta, ela pensava: "Se eu não tivesse tentado eu não saberia como teria sido se tentasse e não saber... ficar imaginando como teria sido Se eu tivesse feito me consumiria. No entanto, agora é diferente, porque eu tentei, eu fiz exatamente o que tinha que ser feito e o "se" não existe mais porque se foi... Sei que não aconteceu o que eu queria, mas algo aconteceu, não fiquei esperando o tempo passar e me consulmir pensando o que poderia ter acontecido. Eu agora sei o que aconteceu e não posso imaginar de outra forma. Esgotou-se as possibilidades e... as coisas foram exatamente como tinham que ser."

[Camila Márcia]