... se não tomarmos cuidado sempre alguma coisa pode ser quebrada

E desde pequena me dei conta de que se não tomarmos cuidado sempre alguma coisa pode ser quebrada, arranhada, por exemplo, quando era criança e saí correndo, por um descuido, tropecei e caí, arranhei o joelho e as mãos, ainda hoje lembro do sangue que saiu de dentro de mim e vejo a cicatriz no joelho.
Também teve aquela vez, quando adolescente, que inventei de aprender a andar de motocicleta e caí, quebrei um braço e senti uma dor terrível, mas nada, nada se compara a dor que senti quando me apaixonei pela primeira vez, não fui correspondida e tive meu coração quebrado, desde essa vez eu sinto que falta um pedacinho do meu coração que não conseguiu ser colado de volta. Embora eu não veja a cicatriz eu sei que ela está lá.
Ah, mas teve aquela outra vez, a pior de todas, em que eu precisei realmente de um sorriso, de uma palavra amiga e quem veio me acalentar não foi aquela pessoa que eu considerava amiga e sim um estranho... sim, o estranho e eu começamos uma amizade linda, mas foi triste perceber que ao meu lado eram poucos os que eu podia chamar de amigos...
Vai ver a gente só se dá conta das coisas quando estamos a beira de um colapso, pois é quando a mente da gente se abre e os nossos olhos enxergam  quem realmente está do nosso lado... Eu só espero estar do lado de quem precisar de mim para abraçar e confortar, mesmo que seja através dos silêncios significativos que são extremamente necessários quando não há palavras que possam ser traduzidas.
E, embora eu cuide de mim, do coração, da família e dos amigos, sei que por aí tem gente que não dá a mínima para essas coisas... aí eu me pergunto se a solidão será sempre uma boa companhia, porque eu já estive pertinho dela e acho que não...

|Mila Ferreira