domingo, 3 de junho de 2012

Com mil demônios!


Ele chegou, sentou lá longe. Chegou mais perto. Mais perto. Mais perto. Tão perto que já sentia o cheio do shampoo que emanava dos cabelos dela e ela sentia o hálito de cerveja da boca dele. Ensaiou um levantar de braços para se encostar nela e no meio do caminho amarelou. Pior que a amarelada resultou num daqueles sorrisos amarelos, que de tão amarelos tem até vergonha de serem sorrisos amarelos. Voltou a mão para o copo de cerveja. E do copo não saiu. Ela ficou ali só pensando: “Com mil demônios endemoniados!” e pronto. Deu-se que a noite virou madrugada, as horas arrastadas inventaram de voar e a madrugada virou manhã e ele foi-se e ela também se foi, mas nenhum dos dois foi junto. Que é que se pode fazer quando ninguém faz nada?  E dizem que um gesto vale mais que mil palavras, que o silêncio fala por dois, ou que as palavras ajudam nos primeiros momentos. Ali então faltou foi de tudo: palavras, gestos e o silêncio foi tão profundo que se silenciou.

Mila F.

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