terça-feira, 7 de dezembro de 2010


"Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo. "

Caio Fernando Abreu

5 comentários:

  1. O Caio sempre ele!!

    Adoro esse trecho!!

    beijos boa semana

    ResponderExcluir
  2. Porque há Caio para todos os momentos?

    ResponderExcluir
  3. Porque há caio para todos os momentos?(2)

    RSRr..concordo demais..

    seu blog ta lindo millla

    ResponderExcluir
  4. "toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém"

    Me recolho ao silêncio com isso.

    ResponderExcluir

Obrigada por seu comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...