sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Decisão - Capítulo X

Os dias passaram e Alice, enfim, pode sair do hospital sem maiores consequência do acidente que sofreu. No entanto, para ela teria sido melhor a morte, pois a dor que sentia pela falta de Eduardo era um tormento, não conseguia tirá-lo dos pensamentos e muito menos do coração.
Mesmo com a ajuda de Joana, não estava sendo fácil superar a ausência de Eduardo. Alice havia entrado em depressão e por mais que tentasse se controlar, tinha crises de choro, momentos de revolta.
Quando Alice voltou para o hotel e se viu sozinha foi um desespero, os melhores momentos, se é que se podiam dizer melhores, era quando Joana ia visitá-la. Assim que a prima saia e ela ficava em sua solidão, desabava em lágrimas, e um desespero, uma não aceitação de ter lutado tanto por alguém que não fez nada para permanecer ao lado dela.
Mesmo sem consequências graves do acidente, Alice não foi mais trabalhar e, pelas faltas, perdeu o emprego. Diego Fontes, seu patrão, foi muito bondoso com ela enquanto esteve no hospital, mas não pode perdoá-la pelas faltas desmotivadas após sua recuperação e, assim, mandou-lhe avisar do cancelamento do contrato.
_ Alice você precisa sair deste quarto_ dizia Joana sempre que ia visitá-la.
Alice evitava abrir até mesmo as cortinas e janelas do quarto, não saia do hotel e ficava numa reclusão:
_ Não tenho para onde ir Jô. Perdi a vontade de viver!_ respondia a prima deitada na cama cobertas pelos lençóis.
_ Não pode ser assim, você precisa fazer alguma coisa, tem que sair, trabalhar... Se você se desse uma oportunidade tenho certeza que conseguiria superar esses problemas Alice.
_ Dê-me um tempo Jô, por enquanto eu não consigo fazer nada_ chorou a prima.
_ Já não suportor te ver neste torpor Alice_ confessou Joana_ estou altamente preoculpada com você, não é normal.
_ O que eu sentia pelo Edu era muito forte. Ele para mim se constituiu minha vida.
_ Mas... _tentou argumentar Joana_ vocês nem ao menos tinham um relacionamento normal... se você parace para pensar, deixar a voz da razão falar mais alto que a da emoção, perceberia que provavelmente esta separação foi o melhor que pode acontecer. Vocês dois eram incompatíveis Alice, primeiro porque você costuma lutar e se entregar por aquilo que acredita e ele não, segundo porque este relacionamento desde o princiípio estava fadado ao insucesso e ambos, tanto você quanto ele sabiam desse risco_ respirando um pouco continuou_ as vezes quando fico pensando me sinto culpada pelo que você esta passando, já que de certa forma eu fiz de tudo para vocês ficarem juntos, agora percebo que errei e que jamais deveria ter me envolvido. Queria poder mudar o passado.
Alice passava os dias nesse torpor, nestas crises: jamais poderia se conformar que de tudo o que fez tinha resultado em nada, mas mesmo diante desta inconformação percebeu que dificilmente um namoro dará certo se desde o princípio ele for conturbado.
Eduardo tinha sido um céu e agora estava sendo seu inferno particular, como as pessoas mudavam, como um homem tão fascinante tinha se tornando uma pessoa tão covarde incapaz de lutar por seu amor? Ora, talvez ela não fosse seu verdadeiro amor, no entanto, como não ser, se ele sempre repetia que a amava?
O coração e os pensamentos de Alice verberavam-na incontrolavelmente. Quando as pessoas sofrem tanto elas não são capazes de se controlar e muito menos controlar seus pensamentos, um misto de loucura com ódio se formava, mas não era ódio de Eduardo e sim dela mesma, pois pensava que algo mais poderia ter sido feito para mudar este destino, e culpava-se por não ter feito, por em vez de ter saido correndo e impedido seu amor de partir, tinha pedido para a prima fazer isso, imaginava que se em vez da prima tivesse sido ela a ter aparecido no aeroporto o curso das coisas teriam sido diferentes e provavelmente Eduardo estaria ao seu lado neste momento.
Suposições, meras suposições. Será que teria sido mesmo diferente?
Certa noite, quase um mês após a partida de Eduardo, Alice teve um sonho: ela estava ao lado dele de mãos dadas após uma noite de amor. Acordou gritando. Agústiada chorou pelo fato de aquilo ter sido realmente apenas um sonho. Nunca viveria um momento tão significativo como aquele com Eduardo, não mais. Aquele pensamento fez-lhe doer o coração.
Pela manhã ela resolveu sair da cama, olhou pela vidraça da janela a rua: o dia estava lindo, o sol estava radiante e tinha um pouco de neblina no ar, uma manhã perfeita para dividir com alguém, mas ela não tinha ninguém com quem dividir.
Caminhou até o banheiro e olhando-se no espelho viu uma outra Alice:
Há quanto tempo evitava mirar-se no espelho?
O seu reflexo mostrava uma Alice com cabelos desgrenhados, palida, com olhos inchados e olheiras profundas.
Quantos anos ela aparentava ter? Provavelmente muito mais do que o que ela realmente tinha.
Alice pensou:
"Não aguento mais... talvez seja o mais sensato, ou talvez não... mas será feito."
Caminhou para uma mesinha e tirando alguns papéis escreveu duas cartas uma destinada a Joana e outra a Eduardo. Deixou-as sobre a mesa e foi para a cama.
Alice passou a vista pelo quarto e sentando-se na cama abrriu simultaneamente a gaveta da mesinha de cabeceira, trirou um frasco de comprimidos e engoliu algumas cápsulas. Suícidio.
Quando as pessoas não encontram ou não conseguem enxergar uma saída para seus problemas, elas optam pela morte, não por que seja mais facil, porque na verdade não é, mas porque acham que assim irão se libertar. Muitas vezes esta 'única' saída é ilusória, pois as pessoas que permanecem sofrem pelo fim da que se foi. O morto não tem mais problemas a resolver, no entanto, deixa muitos a serem resolvidos.
Por volta do meio-dia daquele trágico dia, Joana foi visitar a prima, chegando ao quarto, após chamar insistentemente pela prima e não obter resposta alguma, foi a recepção perguntar pela prima:
_ Não, ela não saiu do quarto, como sempre, nunca sai _ respondeu a moça que estava atrás do balcão.
_ Alguma coisa deve ter acontecido, pois Alice não me responde_ desesperou-se Joana_ preciam abrir aquele quarto!
Joana explicou o estado da prima e falou de seus temores, implorou para que pegassem a chave reserva e abrissem o quarto.
Assim o fizeram.
Ao abrirem a porta, Joana viu Alice deitada na cama, correu para a prima que estava inconsciente e muito pálida, enquanto isso, o gerente do hotel chamou uma ambulância.
Os hóspedes começaram a se aglomerar diante da porta do quarto.
O gerente viu as cartas sobre a mesa e entregou-as para Joana, que distinguiu, entre as lágrimas, seu nome e o de Eduardo.
A ambulância chegou e rapidamente removeu Alice do hotel, levando-a para o hospital.
Na sala de espera, muito angustiada Joana lembrou-se das cartas, abriu a bolsa e pegou a que era destinada a ela, entre lágrimas, leu:
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Joana,
Sinto muito.
Estou desesperada e não vejo mais motivo para que eu continue viva, para mim, em particular, já não vivo desde a partida de Eduardo e sei que por mais que tente, não poderei mais recuperar minha vida de volta, jamais terei vontade de me apaixonar, trabalhar, entre outras coisas que as pessoas normais fazem, perdi o gosto para tudo isso.
Errei por ter entregado minhas esperanças e sobretudo, minha vida nas mãos de Eduardo, mas eu pensava que seríamos felizes e, se antes não havia tomado a decisão que hoje tomei, foi porque, mesmo sem querer admitir em voz alta, tinha esperanças de que ele se arependensse, reconhecesse o erro e voltasse para meus braços e outrossim me levasse embora com ele.
Jô, responda-me, se puder e tiver as respostas: de que vale viver sem ter o amor? De que vale a visa se você perdeu o gosto de viver? Será que vale a pena viver sem a felicidade?
Não quero que me julgue inconsequente, nem que tente compreender o incompreensível, pois determinadas coisas só são compreendidas quando vividas pessoalmente e eu, não quero que você viva isto que vivi.
Para mim não vale a pena viver sem ter o amor, não vale a pena ser ifeliz a vida inteira só porque viveu alguns momentos de felicidade ao lado de quem você ama, mas que sabe, jamais poderão se repetir. Penso até que antes é melhor viver desconhecendo o que é a felicidade, assim não se sente falta quando não a tem, mas depois de conhecê-la como viver sem ela?
Não quero que culpe Eduardo pelo que eu fiz, ele não tem culpa, fez o que achava conveniente. Ele queria me ver viva e feliz, mas eu percebi que não há vida longe dele, viver sem tê-lo do meu lado é comparado à morte. E mesmo distante cuntinuo amando-o com a mesma intencidade e mesmo após a morte sei que continuarei amando-o.
Saiba Jô, que não estou me justificando ao expressar através de palavras o que estou sentindo, só queria que você soubesse todos os dilemas e inseguranças pelos quais tenho passado, para assim você não me julgar com tanta brutalidade.
Dessarte, quero agradecer por tudo o que você fez por mim, por ter me defendido ao máximo dos seus pais, or ter me ajudado com o Edu, enfim, não encontro palavras para expressar meus agradecimentos.
Jô, sobre meus tios, diga-lhes qu embora eles tenham me ajudando quando meus pais morreram, queria também que eles tivessem ficado do meu lado com relação ao Edu e não terem ficado contra, pois foi culpa deles eu não ter vivido meu amor, mesmo assim, não guardo mágoa, porque me dei conta de que eles devem ter tido seus motivos para me odiarem tanto, motivos estes que ignoro.
Obrigada Joana, amo muito você e sei que pode não concordar com minha decisão, mas espero que consiga ao menos aceitá-la, pois estou em paz agora.
Sei que é patético pedir para que não sofra pela minha morte, mas veja pelo meu lado Joana, não tinha mais sentido viver, eu estava uma morta-viva.
Por último quer lhe pedir mais um favor, que tente ao máximo entregar a carta que deixei para o Eduardo, gostaria muito que ele a recebesse e lesse.
Com amor, Alice.
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Joana ficou desesperada, lágrimas escorriam incontrolavelmente por seu rosto.
O médico que atendeu Alice veio ao seu encontro e anunciou a morte da prima.
Lágrimas no escuro...
Oi gente?! Vocês estão gostando da história? Espero que sim, mas saibam que ainda tem muita coisa para acontecer, continuem acompanhando. Até á próxima postagem. Beijosss...

Um comentário:

  1. OI CAMILA!!!!
    Seu blog é show de bola, as historias e pensamentos são de uma senssibilidade tocante.

    DEIXO UM RECADO PRA TODOS:
    acessem pois é muito enrriquecerdor e servi como inspiranção para mente e alma,eu li e aprovei.valeu camila!!!!

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Obrigada por seu comentário!

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